Wednesday, April 27, 2005

 

Marketing

O Vaticano quer popularizar de vez o novo Papa, e para tanto, não hesitou em lançar um novo grupo musical para engrandecer Bento XVI: o Papado Novo!
 

Festa sem sal

Numa terça a noite na qual São Pedro hesitava em bombardear-nos com chuva, o fim do mês marcava a dureza no bolso e as opções boas de programas de tv eram escassas, restou-me a curiosidade de assistir a comemoração dos 40 anos da emissora de televisão do Dr. Roberto. E cá entre nós: que cafonice!

A sensação que se tinha é que todo mundo estava um pouco constrangido de estar ali. O clima de louvor à própria empresa soava estranhamente forçado por se tratar de elogios decorados. Não se via a espontaneidade em momento algum (salve raras exceções de alguns números humorísticos realizados por quem entende da coisa como Chico Anysio, Lúcio Mauro e Cláudia Rodrigues). Muitos figurinos eram horrorosos da mesma forma que os diálogos idem. E muito me impressionou o tempo errado (quando não a letra) que muitos cantores e atores demonstraram ao interpretar certas canções.

Se safou o lado jornalístico da emissora com a competente desenvoltura dos correspondentes e algumas boas edições de momentos históricos. Já grande parte do programa proporcionou a chance do elenco da emissora pagar um belo de um mico. Sinceramente, vou torcer para que na comemoração dos 50 anos falte luz. Com sorte, um blecaute em todo o território nacional.


Tuesday, April 26, 2005

 

Um diálogo atual

- Vamos naquela festa dos anos 80?
- Nem morto! Estou cansado de ir nestas festas de marmanjos que não aceitam que os anos 80 já eram. Prefiro ficar em casa vendo uns dvds.
- Quais?
- “Gremilins”, “De volta para o futuro” e “Garota Rosa-Shocking”.
 

Outra Coisa

É hora de mudar
De bar, de ar e de sofá
Trocar de rosto
Por um que seja o oposto
Mudar o uniforme
Por outro que conforte
Momento de trocar a cerveja
Por alguma certeza
E falsas certezas
Por novas cervejas
Substituir o perfume
Atingir novo costume
Plantar uma flor diferente
Exibir um sorriso mais contente
Pode ser por causa de alguma dor
Ou coisas do amor
Mas o que tem que ser que seja
E quem quiser, que veja.

Wednesday, April 20, 2005

 

Poucas e boas

O dia do Índio
Envolvido pela escolha do novo Papa, papei mosca e deixei passar batido o Dia dos Índios, aqueles que justamente sumiram em parte por culpa da mesma igreja que colocava ontem o alemão na sacada. O governo federal não deu a mesma mancada e pediu perdão pelo esmagamento, pela violência e pela força pública que os índios sofreram ao longo do tempo de vida do Brasil. No mesmo dia, na Bahia e Alagoas, aconteciam protestos envolvendo índios que demonstravam querer mais que apito.

Frase da Semana
Se Deus é brasileiro, o papa é carioca, mas não pode ir ao baile funk porque é alemão.

Tuesday, April 19, 2005

 

Sucessão Sacal, digo, Papal

Perguntar não ofende...
Tudo bem que a escolha do Papa é uma coisa importante e coisa e tal, mas era realmente necessário encher o ar de fumaça preta para isso?

Perguntar não ofende...
Se até os cardeais tem celular, quando se decidiu o novo Papa não era mais fácil dar uns telefonemas do que soltar aquela outra fumaça branca?

O Papa
O cardeal alemão Joseph Ratzing, na flor dos seus 78 anos, foi declarado o novo Papa. Será chamado de Papa Chico Bento 16. Ao anunciar sua escolha, os fiéis que faziam um arraial na Praça de São Pedro, não conseguiram distinguir a cor da fumaça, o que levou o Vaticano a rever a licitação da empresa responsável pelos seus efeitos especiais. Ratzing ganhou de outros favoritos à Papa, como o bicho-papão, o Papa-tudo, o Papa-goiaba e o diretor de novelas, Papinha. Os outros concorrentes ao título foram de ralo, quer dizer, decano. Conhecido por ser um conservador bastante conservador, o novo Papa é contra o aborto, a camisinha, as drogas e ao sexo com fins para reprodução de luz acesa. E até hoje faz cara feia para uma maçã.
 

Enquanto isso no Vaticano...

- Se nós já escolhemos o Papa, porque ainda está saindo esta fumaça cinza?
- Falta de manutenção. Faziam mais de 20 anos que ninguém limpava.
- Que pecado!
 

PenseSkate

Hoje chega às bancas uma nova edição da Revista PenseSkate, que é uma das mais bacanas no assunto. Só não sei se continuará a ser já que o mesmo responsável por este blógui, escreveu uma coluna para este novo exemplar. E olha que o único carrinho que eu fico em cima é um de brinquedo que o meu irmão menor esquece pelo chão. Dê um role até a banca ou um ponto de venda e veja que bicho deu.

Wednesday, April 13, 2005

 

Que tal um beijo?

Senhoras (principalmente) e senhores, preparem-se. Hoje é o dia do beijo. Bitocas, de língua, molhados, demorados, curtos, por telefone, na mão, todos são muito benvindos na presente data. Charles Darwin, aquele da teoria da evolução, acreditava que o beijo era a evolução das mordidas que os macacos davam nas suas parceiras, também macacas, nos ritos pré-sexuais. O que significa que nós regredimos já que beijamos antes para depois começarmos a morder durante o... Bom, deixa pra lá. O que eu sei é que se o inventor do beijo tivesse patenteado o seu invento, Bill Gates ia perder feio no que diz respeito a fortuna acumulada.
Na Suméria (região da antiga Mesopotâmia, hoje Ásia), as pessoas costumavam enviar beijos para os céus, endereçados aos deuses. Como os deuses nunca retribuíam os beijos, começaram a dar preferência em beijar a pessoa do lado, salve alguns casos de mau hálito confesso. Beijo na boca, entre cidadãos da mesma classe social, era uma saudação praticada pelos persas. Até que um dia, perceberam que a coisa começou a pegar mal e largaram o hábito, pois os outros povos olhavam meio torto para eles. O beijo na boca foi também uma espécie de contrato entre o senhor feudal e o seu vassalo. Era algo como "dou minha palavra". Também saiu de moda quando os senhores feudais passaram a exigir que as esposas dos vassalos também dessem a sua palavra. Somente no século 17 que os homens deram fim ao beijo na boca, o substituíram, então, pelo abraço cerimonial (ufa!). E nada de abraço muito demorado, hein!
No século 19, o surgimento do Romantismo, que dava ênfase ao individualismo, lirismo, sensibilidade e fantasias, com o predomínio da poesia sobre a razão, favoreceu aos ardentes romances e tórridas paixões. Nesta fase, o beijo ficou mais popular que novela do horário nobre e música da Ivete Sangalo.
Nem todos os beijos podem ser considerados uma maravilha. Imagina se Jesus Cristo não quisesse receber o beijo de Judas. Ou se o beijo nunca tivesse se popularizado e, ao invés de “O beijo da Mulher Aranha”, tivéssemos “O cuspe à distância da Mulher Aranha”. Ou na hora de sacramentar o casamento, o padre não mandasse os noivos se beijarem e dissesse “pode botar a noiva na corcunda e sair pulando num pé só”. E quão solitário seria o queijo sem o seu companheiro de rima preferido.
Mas não foi o que aconteceu e o beijo está aí. Atire-me o primeiro mouse quem não gosta de receber e de dar um.
E para não me prolongar muito, um beijo para todos. Mas olha essa mão boba, hein!

Tuesday, April 12, 2005

 

Tico e o caso que não venta

Tico. É o meu nome. Começa com “t” e termina com “o”. O “o” pode ser de ovo frito, afinal é assim que me sinto em função de todo esse calor que tem feito. Sou detetive particular. Meu escritório fica na Taquara, num sobrado onde só sobrou a mim. A última pessoa foi embora hoje. Pela janela, mediante a batida na porta de um cobrador. Comigo é diferente. Nunca um cobrador bate na minha porta, já que a mesma foi levada como promissória de uma dívida minha feita pelos idos da Copa de 86. Fora isso, tenho tudo que um detetive precisa. Menos clientes. Também pudera. Estive sumido por uns tempos. Estava amando. Meus cobradores é que não amaram a idéia. Mas eu me entreguei. A ela, não a eles. Ela era uma dançarina performática francesa. Embora tivesse nascido mesmo em Minas Gerais. Um dia ela se levantou da nossa cama e disse que ia embora em busca de sua carreira. Horas depois estava presa com três papelotes de cocaína como flagrante. Agora estou de volta. Ainda deprimido confesso. Se eu sou um ovo frito, meu coração está como uma gema mole e a separação não se faz clara pra mim. Que fritada!
Foi quando eu estava percebendo que desta vez o vazio dentro de mim não era fome, que ela adentrou o meu escritório. Por motivos óbvios, não bateu na porta. Sua beleza era quase um alívio para minha melancolia. Sua pele era clara como uma reflexão. Seus cabelos, negros como um dia triste. Os seios eram como pequeninas e inocentes lágrimas. O colo era ideal para afogar minha cabeça em prantos. E suava, como suava. Enfim, tudo que eu precisava. Mas o trabalho vinha antes.
- Posso lhe ser útil? – perguntei fazendo figa para que a resposta fosse positiva.
- Você é detetive? – quando ela abriu a boca eu me senti um rato sendo puxado pela melodia da flauta encantada.
- Entre outras coisas.
- Ah é? Como o quê?
- Melhor mudarmos de assunto. O que trouxe você até aqui?
- Preciso que você investigue um furto.
- Por que não a polícia militar ou civil?
- É uma peça de valor inestimável para mim.
- Uma jóia, umas ações, o primeiro pandeiro do Mussum...
- Um ventilador.
- Já tentou as Casas Bahia?
- Você não entende. Ganhei este ventilador de um grande amor. Ele comprou para mim em Muriqui. Tem muito pernilongo na região. É a única lembrança que eu tenho dele.
- Ele morreu?
- Não. Casou-se com outra. O ventilador é tudo que eu guardo deste grande amor. Não sei se você entende disso.
- Melhor mudarmos de assunto. Você tem algum suspeito?
- O Ferreirão. Um bombeiro da minha rua que faz tudo para ganhar minha atenção. Eu acho que ele acreditava que dando o sumiço no ventilador ia me fazer esquecer esse grande amor.
Disse a ela que não precisava mais se preocupar. Se alguém iria dar uma lição neste Ferreirão este alguém era eu. Só preciso repetir isto para mim mesmo mais umas 67 vezes. Levei a mão até o bolso para puxar um cigarro, mas lembrei que não fumo mais. Há 8 anos. Para não fazer feio diante da moça, puxei o papel de “Compro Ouro” que estava no meu bolso e comecei a mascá-lo. Gosto de fazer um charme. Embora quando eu tenha dito isto para um entregador aqui da região, ele me devolveu que prefere um funk. Pedi um adiantado para ela. Pelo menos o da Kombi. Era hora de começar a trabalhar. Mesmo que, devido ao meu relógio ter parado há dois presidentes atrás, eu não faço a mínima idéia da hora.
Ferreirão chegava do trabalho às 18:30. Para ele não suspeitar que estava à sua espreita, peguei um palito no chão e me disfarcei de pessoa que acabara de chupar um picolé naquela esquina. Chegou sem uniforme e parou num botequim onde pediu uma cachaça e uma ficha de sinuca. Como só sobraram umas moedas de troco da Kombi, pedi uma paçoca. O balconista fez cara feia quando afirmei que só queria aquilo e nada mais. Não fui feliz. A paçoca não era de confiança. Caiu como o soco de um karateca na barriga. Passei a suar e não era de calor. Era um suor frio. Uma vontade enorme de ir ao sanitário foi tomando conta de mim. E era a opção número dois. Corri para o daquele botequim. Nem o papel higiênico rosa me levou a repensar a idéia. Aquilo era preciso e ponto final. Quando saí, três quilos mais magros, Ferreirão não estava mais por lá. Tive que percorrer todos os outros botecos. Hora para saber do Ferreirão, hora para saber do sanitário. Gastei dois reais e oito quilos ao longo da noite. Quando acabei estava exausto e chorava só de ver papel higiênico rosa. Como não agüentava andar e estava assado, peguei carona no carrinho do catador de lata. E pedi para ele pisar fundo.No dia seguinte, minha contratante estava na porta do escritório. Seus olhos ainda eram de doce lamento. Os meus eram puras olheiras. Trazia um ventilador na mão. Me explicou o que havia acontecido. Ao sair de meu escritório conheceu um novo amor. Ele não só deu um pau no Ferreirão assim que ele saiu da sinuca, como foi até a casa dele e retomou o ventilador. Agora ela não precisava mais daquele ventilador. Ganhara um ar-condicionado do seu novo amor que por acaso era um sargento da Polícia Militar existencialista. Era tão existencialista que nunca se matou. Só os outros. Gostava de existir. O ventilador ela me deu. Achara minha sala muito quente. Depois partiu. Tico. É o meu nome. Começa com “t” e termina com “o”. Já não estou tão sozinho. Agora os cobradores ficam dentro da sala esperando alguma posição. E eu pelo menos tenho um ventinho no suvaco.

Tuesday, April 05, 2005

 

UM POUCO DE TRISTEZA.

Uma coisa que em linhas gerais é muito triste é essa coisa de dissertar sobre a tristeza. O poeta dizia que ela não tem fim, mas a felicidade sim, e se formos seguir este pensamento a gente nasce, vive e morre triste. Que coisa triste! A tristeza, assim como pizza, tem vários tipos e, assim como pizza, se tem a opção de saboreá-la pouco a pouco, jogar ela para dentro de uma vez, ou arremessá-la para longe sem dó ao notar que a sardinha utilizada ou a azeitona preta haviam passado do ponto. Há aquela tristeza dos dias de chuva, quando você escuta os pingos sobre a telha e sente o cheiro de terra que remete qualquer um a uma nostalgia sem ter porquê ou a um programa Globo Rural. Tem aquela tristeza da descoberta. O dia fatídico em que se descobre estar de aviso prévio, ela com outro ou que aquele iogurte que acabou de devorar está com a validade vencida há pelo menos dois meses e suas mãos já estão tremendo enquanto seus olhos queimam como nunca. Tem uma tristeza que é uma forte ameaça aos regimes “socialistas” que é a tristeza da perda, seja de um amor, de um parente ou de uma amizade. Até porque a tristeza da perda se confunde com a sensação da posse e fica difícil explicar como alguém pode ter uma posse onde o que se prega são bens comuns.
Existe a tristeza do torcedor que vê seu time perder, a tristeza do idoso ao lembrar seus dias de vigor e juventude, a tristeza do bêbado ao derramar a última dose possível, a tristeza do dia seguinte da cocaína, a tristeza da passista na quarta feira de cinzas, a tristeza do ator que nunca mais conseguiu voltar aos palcos, a tristeza do católico que assistiu seu Papa se ir, a tristeza do homem que ao ver seu reflexo no espelho se descobre feio, a tristeza das vítimas, a tristeza de um herói que perdeu a luta, a tristeza da lua quando vê o sol chegar, a tristeza do silêncio quando a orquestra se cala, a tristeza que ter de aturar mais uma novela da Glória Perez, a tristeza de quem acha que sabe mas tem certeza de nada saber...
No meu dicionário remendado por quatro tiras de fita-durex, tristeza aparece como “qualidade ou estado de triste; falta de alegria; pena, desalento, consternação; aspecto revelador de mágoa ou aflição”. Se algum dia me pedirem para reescrever o dicionário, substituiria por “mal às pampas; estado em que o ser humano encontra mais facilidade para se encher de café, cigarro e birita; falta de vontade de comer, atender o telefone ou jogar purrinha”.
Já a tristeza para quem escreve é uma eterna dificuldade em saber a hora de colocar um ponto final. No texto e nas coisas da vida. E para a alegria dos demais, espero que desta vez esteja no lugar certo. Ponto.
 

POEMINHAS CURTOS PARA UMA MANHÃ DE TERÇA NUBLADA

No meu celular havia um adjetivo
Que agora virou substantivo
No meu coração também havia um adjetivo
Mas lá só virou um vazio.
***********

Por não ter ela comigo
O céu me mostrou um amigo
E na noite do ontem ido
Deus chorava comigo
**********

O lado coerente
Diz que é hora de dar novos “ois”
O teimoso
É persistente
E de forma incoerente
Teima, teima, teima
Em não saber dizer “tchau”
**************

Chato hoje não é estar desempregado
Solitário, amargurado ou angustiado
Chato não é o fato de estar envergonhado
Embebedado, esfacelado ou desaventurado
Chato que é o que há de chato
É essa coisa de ser nublado.

Friday, April 01, 2005

 

Maldade!

Dizem que o Papa João Paulo II agora é rabecão. Só porque ele virou um papa defunto.

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