Tuesday, May 03, 2005

 

De Manhã

Hoje mataram um na minha rua. Alguns viram, mas a maioria viu e não viu. A vítima estava a pé. Quem executou veio de moto. Um pilotava e o da garupa atirou. O bombeiro veio buscar o corpo. No ponto de ônibus, o comentário popular era de que ninguém morre de graça. Mas quem mata de graça? Quem dispara um tiro o faz por raiva, vingança ou dinheiro. Pode ser até por pertubação da cabeça, mas estes não viriam de moto com capuz na cabeça.
“É a mineira”, diz alguém. Capaz, afinal, como já noticiado nos principais jornais, a polícia mineira está promovendo uma limpeza em todo o bairro de Jacarepaguá. Pena que em tempos que se discute a validade da pena de morte, um grupo se designa juiz, júri e executor.
Eram por volta de oito da manhã. Estudantes, aposentados e trabalhadores estavam na rua. Não existe hora certa nem para morrer, nem para matar. Hoje muitos não esquecerão disso. Se alguém merece morrer, não sou eu que posso dizer. E nunca poderei.
Hoje mataram um na Rua Godofredo Viana. Não sei o nome do morto, nem dos causadores da mesma. Sei que hoje, uma mãe, um pai, uma esposa ou um filho vão ter uma pessoa a menos na hora da janta. Não vai ganhar destaques no jornal. Não foram 30. Foi um. Pelo pouco que sei de jornalismo, no máximo uma notinha. E no rodapé. Culpado ou inocente. Justo ou não. Isso não sei os responder.
Mas sei que está morto.
Hoje um jovem foi assassinado pelo tribunal de rua.
E o dia mal tinha começado.
Comments:
Po véio.. sabe que sou seu fã! Rss.. Gostei de ler mas não gostei de saber.. na verdade, a gente prefere não saber!
Quando quiser, visite: http://seresincriveis.blogspot.com

Grande abraço,
[(duca)]
 
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